23 de fevereiro de 2013

Santa Maria Mãe de Deus, Pai, Filho e Espírito Santo...

Não bastava o vergonhoso desempenho da equipa de futebol e o patético comportamento dos dirigentes dos últimos anos, para ainda termos que levar com o Jorge Gabriel como cabeça de lista a um conselho qualquer?

22 de fevereiro de 2013

A revolução é uma comichão: um gajo coça e ela passa



Foi com este aforismo que terminei o último texto da minha opus, aforismo que me veio à cabeça enquanto andava perdido no Continente à procura dos iogurtes gregos da Danone, que os senhores repositores fazem o favor de mudar constantemente de prateleira, creio eu, só para me fazerem perder tempo a procurá-los, tempo esse, como sabeis, fundamental para que eu me possa dedicar às artes, às letras, ao pensamento e aos problemas do Sporting.

A adaptação à mudança demora sempre menos do que aquilo que julgamos, quando ela se nos atravessa pela frente. Tenho isso como adquirido, mas mesmo assim não gosto de mudanças. É preferível conservar do que mudar. E é por isso que eu volto a afirmar uma certeza – das poucas que tenho, mas eu nunca fui muito dado a certezas – desde os tempos em que ainda achava que o mundo das ideias não iria ter o privilégio de me ter como contribuinte, derivado ao facto de estar à minha espera uma brilhante carreira internacional de golfista. Vai não vai, o que aconteceu foi que os meus planos foram alterados e por aqui fiquei: perdeu o golfe, ganhou a filosofia e eu, olhem, nem tenho muita razão de queixa: as miúdas, sempre que lhes digo que sou filósofo, acham o máximo, por isso, tudo bem... prossigamos. A certeza que tenho é a de que as coisas não se medem aos palmos.

O Tolan, um bom bloguista, razoável ensaísta e futuro excelente pai, surpreendeu a comunidade intelectual à qual me esforço por não pertencer, com uma daquelas ideias das quais ninguém estava à espera, vinda de onde veio. Refiro-me ao argumento da quantidade para corroborar a qualidade, o interesse, a pertinência, tanto faz, da obra de um artista. Como quem espeta um ás de paus em cima da mesa, fazendo os ossos dos dedos propositadamente bater na madeira para se ouvir o barulho, o Tolan atirou com 1599999 de visitantes mais a Maria Antonieta (que também desceu ao rés-do-chão para ver os fatinhos de renda da artista), como mais um cavaco para a fogueira da legitimação, ou como lhe queiram chamar, da arte da Vasconcelos. Chegámos então ao problema: o Tolan, aquele correligionário que nos habituou a uma irrepreensível determinação em não se deixar distrair pelo foguetório marqueteirójornalístico (carnaval onde o número de vendas vem sempre à laia), afinal também olha para o tamanho, neste caso, para o número de entradas vendidas, bilhética, como se chama. Ora... ter que vir dizer ao Tolan para não confundir a foda com o tamanho da pila, não estava nos meus planos, caramba. Se a Vasconcelos teve 1599999 de visitantes mais a Maria Antonieta, porreiro para ela (para a Vasconcelos, quanto à Antonieta não sei). Esse número vale o mesmo que o número de livros vendidos daquela merda do Grey ou lá que é; vale o mesmo que o número de gajos que viram aquele atrasadinho coreano a estrebuchar no youtube ou o número de números que os One Direction, uma banda de bois que vem a Portugal tocar e cuja música eu próprio, numa saudável manifestação de ignorância, desconheço, tem para mostrar como trunfo. Esta coisa de avaliar a virilidade medindo quem cospe até mais longe é um terreno pantanoso, suficientemente pantanoso para não nos querermos meter lá. Porque já vimos que todos os que o arriscaram se sujaram muito e não ganharam nada com isso. Das últimas coisas a ir buscar quando se quer defender / justificar / legitimar / valorizar (riscar o que não interessa) a arte, é o número de vendas, assim como nós os brancos afirmamos que o tamanho da picha não quer dizer nada sempre que elas, entre risinhos aparvalhados, dizem que têm uma amiga que andou com um preto e que sim, que lhes confirmou a cena.

O problema, o grande problema, diria mesmo, é que a humanidade mede muito, mede cada vez mais, e com cada vez mais certeza, mas essas merdas que medimos, todas bem arrumadinhas num excel, não nos dizem nada sobre aquilo que queremos realmente saber. E por isso continuamos a tirar medidas. Não sei se me fiz entender... se não fiz, tenham paciência: não vou voltar a este assunto porque vou iniciar um período de reflexão sobre um acto eleitoral de extrema importância que se vai realizar no dia 23 de Março. Até lá, só gestão corrente.



depois de escrito (post-scriptum, em latim): já depois de ter escrito isto, reparei que o alf também deu uma cacetada no Tolan. Da minha parte, está tudo ok: se me dei ao trabalho de redigir estas merdas é porque acho que o Tolan precisa (e merece) de orientação espiritual.

20 de fevereiro de 2013

Mais um brilhante ensaio com a chancela do Capt. Paddock




Ensaio Sobre a Caganeira

[Prolegómenos de navegação marítima]



Com um embrulho retórico típico de notícia encomendada, fomos informados pelo rodapé de um canal de televisão que “Joana Vasconcelos vai para Veneza de barco”, mais concretamente, um cacilheiro decorado pela artista. Ao ver apenas o cabeçalho a passar em rodapé, julguei a que a pobre coitada tinha chegado a um ponto em que já não cabia nas cadeiras do avião e tinha de ir de barco. Mas depois, ao assistir à notícia na íntegra - porque eu às vezes também perco tempo com inutilidades - verificou-se que não é nada disso: a artista está bem e recomenda-se e a viagem de cacilheiro até Veneza é uma “intervenção artística”. A artista propõe-se decorar um cacilheiro com sugestões de temas portugueses e atracar o barco em frente à zona onde estão grande parte das galerias de arte venezianas. Ficámos também a saber que no interior do barco vão estar à venda artigos portugueses “da loja da amiga Catarina Portas”, enfim, artístico, muito artístico. Se a artista fosse amiga de uma peixeira teríamos carapau à venda durante a viagem, mas cada um tem os amigos que tem. Pondo de parte a excursão – cada um vai de barco para onde quer e eu estou-me a cagar para isso – vamos ao motivo da encomenda da notícia: o financiamento. Parece que a artista ainda não arranjou o guito necessário para pagar a “obra de arte total” (ela disse isto sem se rir) e, como tal, está disponível para aceitar financiamentos e “estabelecer parcerias”. Os sabonetes “da amiga Catarina Portas” não chegam para pagar o gasóleo e os cacilheiros não andam à vela.

Uma das principais razões – não a única – para a generalizada falta de qualidade da maioria da criação artística em Portugal é a ausência de escrutínio sério, efectivo e informado, como eu já tive oportunidade de informar os mais incautos que acreditam em tudo o que lhes dizem e não me consultam sobre estes temas. Falta de escrutínio por parte de uma crítica que é quase sempre um grupo de amiguinhos que param nos mesmos sítios em que param os artistas. Falta de escrutínio por parte de um jornalismo que seja mais do que copy/paste da wikipédia, embrulhado com floreados pretensiosos e desinteressantes. Falta de escrutínio por parte de universidades e escolas que mais não são do que centros de recrutamento para as várias capelinhas de artistas arranjarem quem lhes dê graxa aos sapatos.

Porque não me apetece discutir com argumentos, basta-me apenas dizer isto: quanto mais exigente for o público, a crítica e a academia, mais qualidade terá a criação artística. Mas também mais difícil será o triunfo: é muito mais difícil ser pintor em Nova Iorque ou músico em Londres, do que em Lisboa, por exemplo.

Não havendo esse sentido crítico informado, abre-se campo a toda a panóplia de parvoíces a fingir que são arte, domínio no qual Joana Vasconcelos é perita. Elogia-se a caganeira, poetiza-se a bosta, vende-se a falta de qualidade como o último grito da moda. Basta dar um embrulho teórico, palavroso e pretensamente poético àquilo que não presta para daí fazer arte, recurso bastante utilizado por tudo aquilo que é jovem artista plástico com ambição a carta de alforria artística. Se um gajo qualquer colocar azulejos na parede de uma moradia na Charneca da Caparica é um bimbo está a cometer um atentado ao bom gosto. Se um artista forrar o convés de um barco com azulejos e pendurar panos bordados, é uma “intervenção artística”. Estão a ver?

E por isso eu lanço um alerta sentido e vindo do fundo do coração: não basta cantar musiquetas pseudo-revolucionárias quando políticos analfabetos lêem o que os assessores lhes escreveram na véspera. Temos que gritar bem alto esse pertinente provérbio: o rei vai nú – calma a Vasconcelos não apareceu nua, felizmente, foda-se - e reafirmar que não é artista quem quer e que as bodegas destes artistas financiados por especuladores bolsistas analfabetos são uma bosta, uma diarreia cuja existência não devia depender do dinheiro dos impostos que por via, umas vezes directa, outras indirecta, alimenta esta máquina de produção de esterco. Mil vezes um cacilheiro abandonado num cais esconso do Alfeite a estas brincadeirinhas de saloios a armar ao artista.

Viva Grândola! Viva Santiago do Cacém! Viva o Cacém! Viva o Relvas, o Zé Cabra e todos os gajos que cantam sem desafinar!

A revolução é uma comichão: um gajo coça e ela passa.

13 de fevereiro de 2013

O Convénio da Causa

Quero esclarecer os maledicentes que a minha ausência do Convénio da Causa, que teve lugar lá para os lados do Porto, ou Gaia, ou Paços de Ferreira, ou lá onde raio fica o restaurante, se deveu a uma impossibilidade física daquelas que nem o livro de ciência do M. Tavares consegue contornar. Não fujo às responsabilidades: a um convénio não se falta a não ser que não se possa ir. Presto pública homenagem à Comissão Científica do evento que me convidou a estar presente como representante da ala-chique-de-direita-não-beta-vagamente-intelectual-mas-sem-sotaque-afectado que eu, um pouco a custo, por vezes represento.

Esta fotografia, sacada por um paparazzi da Nova Gente, é bem ilustrativa da ordem e correcção com que decorreram os trabalhos.



Os que tiverem curiosidade em saber mais detalhadamente como se processou o andamento do evento, podem consultar o post/reportagem do Mais Peor. E prometo que da próxima vos brindarei com a minha presença, desde que não me obriguem a vestir de encarnado.

5 de fevereiro de 2013

A vida dos grandes filósofos é feita de momentos simples (um diálogo ao estilo Scarlett/Butler, ou Darcy/Elizabeth, ou Sorel/de Rênal, ou Tolan/Plaft)

 
Ela: Sabes quem é que eu vi o hoje às compras no Pingo Doce?

Eu: Não.

Ela: O xxxxxxxx.

Eu: Vendem inteligência no Pingo Doce?

Ela: Porque é que estás sempre a ser tão irónico?

Eu: Raramente sou irónico.

Ela: És tão irónico que já nem dás conta.

Eu: Não dou conta?

Ela: Esses exageros misturados com ironia...

Eu: Quais exageros?

Ela: Há bocado disseste que a polícia devia ter aviado a sério 3 ou 4.

Eu: Ah, isso... gosto de ver a polícia malhar a sério, é para isso que ela serve.

Ela: Ok, era só um exemplo.

Eu: Não significam muito esses exemplos.

Ela: Está bem... olha, chiça, esqueci-me dos iogurtes.

Eu: Se quiseres vou comprar.

Ela: Deixa estar, amanhã compro.

2 de fevereiro de 2013

Contra os corações, marchar, marchar!

Agora que já se calaram com a merda do Armstrong, voltemos ao que interessa:

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Começa hoje. Chris - numa de Jesus Cristo - Ashton a marcar ensaio pela Inglaterra